sexta-feira, 29 de abril de 2011

Era frio. Não sei dizer se fazia mais frio do lado de fora da minha blusa ou dentro do meu coração. Provavelmente competiam. Caio Fernando Abreu.
“Lutar em segredo, fechado no quarto, sem que ninguém saiba. Para os outros, mostrar só o melhor de si, a face mais luminosa.” 
Caio Fernando Abreu!

Vou rolando até encontrar qualquer coisa (ou pessoa) tão fantástica que me dê vontade de ficar!

“Pedra que muito rola não cria musgo” – dizia minha avó quando falava de um sobrinho, Francisco. Ninguém nunca sabia direito onde ele andava: podia ser Porto Alegre, Rio, São Paulo, Paris ou Alexandria. Não é jeito de dizer, não. Ele passou mesmo vários anos no Egito. O Francisco era um exemplo perfeito do que um bom rapaz não deve nunca fazer: andar por aí assim, mudando de cidade, de trabalho, de vida, com tanta facilidade como quem muda de camisa. Pedra que se preza, para minha avó, devia ficar parada e quietinha no seu lugar, criando embaixo aquela camada grossa de musgo verdinho. Bom, uns anos depois, já na estrada, conheci o Francisco e achei ele ótimo. Tinha visto uma porção de lugares, conhecido um monte de gente, vivido e sentido coisas que a maioria das pessoas só imagina e não tem coragem de viver. Fiquei encantado: ele era uma pessoa larga. Largueza, para mim, é qualidade muito importante nas pessoas. Foi então que entendi melhor porque sempre tinha achado musgo uma coisa muito chata. As pessoas vivem me perguntando: “Mas, afinal, onde é mesmo que você está morando?” Nem sempre sei responder. Pode ser aqui, ali, ou um pouco aqui, outro ali. Outro dia alguém se queixou que só de endereços meus tinha umas duas páginas ocupadas (e riscadas) na cadernetinha. Até pouco tempo atrás, confesso, eu mesmo ficava angustiado com essa inquietação toda. Agora estou mais acostumado. Tem coisas da gente que não são defeito nem erro: são só jeito da gente ser. O negócio é acostumar com isso e não sofrer. Aliás, o melhor jeito, em relação a qualquer coisa, é sofrer o mínimo possível. Aquilo que os americanos chamam de relax and enjoy – mais ou menos “relaxe e curta”. Não sei dizer mais quantas vezes mudei de casa e de cidade. Fui, por exemplo, de Santiago, no interior do Rio Grande do Sul, para Porto Alegre, de lá para São Paulo, depois Campinas, Rio de Janeiro, um tempinho em Florianópolis, na Bahia, em Paris, em Londres, Estocolmo, mais um pouquinho no Rio, e por aí vai. Só em São Paulo já morei quatro vezes, de ir embora jurando nunca mais voltar, e voltando sempre. Só em Sampa, já passei pelo Jardim América, pela Bela Vista, Vila Madalena, Jardim Paulistano, Pinheiros, Sumaré, Centro da cidade – agora estou num lugar entre o Ibirapuera e Vila Nova Conceição, que ainda não consegui descobrir o nome. Sei que tem uma feira bem na minha rua, às terças-feiras.. Estou achando um grande barato ter, pela primeira vez na vida, uma feira aqui na porta de casa. Mas não sei até quando vou achar isso. Minto. Sei, sim. Não é de repente, é mais aos pouquinhos que acontece. Difícil explicar, mas vai dando uma coisa de você não ver mais direito nem as coisas nem as pessoas que estão à sua volta. Você vai acostumando com elas, assim como acostuma com uma cadeira, uma mesa, um fogão. Quando tudo começa a ficar igual todos os dias e você, sem perceber, começa a se movimentar como quem liga o automático e, feito robô, apenas faz coisas, sem sentir o que está fazendo – bem, para mim é porque está na hora de dar o fora. Aí a gente muda. Se não dá para mudar de cidade, muda de casa, muda de rua, de bairro (cá entre nós: massa mesmo seria poder mudar de planeta). Não há nada mais estimulante do que ver ruas e pessoas pela primeira vez. Você tem que fazer um superexercício para conseguir descobrir os jeitos particulares delas se comunicarem – sim, porque tudo isso tem um jeitinho particular. Você é novo. A maioria das pessoas que conheço vive muito desatenta de estar vivendo: elas parecem tão acostumadas com as coisas que estão em volta que é como se estivessem dormindo. Não digo que todo mundo deva fazer a mesma coisa, e que isso é o certo. Na minha cabeça, certo é tudo aquilo que dá prazer da gente fazer, desde – claro – que não prejudique ninguém. Depois, também acho que para acordar dessa espécie de sono limoso tem muito jeitos. Pode ser ler um livro ou ver um filme provocante, de vez em quando. Num fim de semana, ir a um bar ou a um bairro onde a gente nunca foi antes. Ou bater um bom papo, daqueles verdadeiros, com uma pessoa nova. O que não pode é começar a achar tudo igual, porque aí a criatura vai engordando por dentro e criando aquele tipo de barriga que eu chamo de “barriga mental”. Umas gordurinhas no cérebro que deixam o pensamento lerdo e tiram o prazer de qualquer coisa. Claro que viver assim, pulando de galho em galho, também tem suas desvantagens. O que se perde de correspondência, por exemplo, é um absurdo. E tem gente maravilhosa que, de repente, vai ficando longe, difícil de ver – e aí dança. Mas também acho que aquilo que é bom, e de verdade, e forte, e importante – coisa ou pessoa – na sua vida, isso não se perde. E aí lembro de Guimarães Rosa, quando dizia que “o que tem de ser tem muita força”. A gente não tem é que se assustar com as distâncias e os afastamentos que pintam. Mas, vantagens? Ah, isso também tem. A melhor delas é conhecer gente. Não tem coisa melhor (nem pior) do que gente. E, na minha opinião, não é plantado no mesmo lugar, caminhando sempre pelas mesmas ruas, repetindo ano após ano os mesmos programas, que você vai conhecer pessoas novas. Se fico por aqui? Vou ficando. A feira na porta de casa me encanta, o dono do bar da esquina já começou a me cumprimentar. Ontem mesmo comecei um trabalho novo, e a casa recente está pegando o jeito que gosto. Mas quando vejo no mapa uma ilha chamada Java, com o porto de Surabaya, nas bandas da Ásia – que dá uma vontade de ir pra lá, ah, isso dá. Questão de paciência. Pelo menos até o dia que eu acordar de manhã e perceber aquela camadinha de verde musguento avançando. Porque, no que depender de mim, e para desgosto de minha avó, enquanto tiver saúde vou rolando até encontrar qualquer coisa (ou pessoa) tão fantástica que me dê vontade de ficar ali para sempre. Cá entre nós, se for só a morte, também não me importo nem um pouco.”


Caio Fernando Abreu!
"Supere isso e, se não puder superar, supere o vício de falar a respeito."


Caio Fernando Abreu!


"A única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais." Clarice Lispector


"Deixe-me ir, preciso andar. Vou por aí a procurar. Rir prá não chorar... se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar, depois que me encontrar. Quero assistir ao sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantar. Eu quero nascer. Eu quero VIVER."

- Cartola (Preciso me Encontrar)

"Não me mande coisas assim raivosas. Eu não tenho anticorpos para esse tipo de coisa."

"Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento tudo se perde."


Caio Fernando Abreu!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"(...) Preciso de um tempo, preciso me reencontrar em novos caminhos e preciso disso agora."

Caio Fernando Abreu!

sábado, 23 de abril de 2011

Sensações!

Eu me perdi, perdi você
Perdi a voz , o seu querer
Agora sou somente um
Longe de nós um ser comum
Agora sou um vento só. a escuridão.
Eu virei pó, fotografia,
Sou lembrança do passado
Agora sou a prova viva
De que nada nessa vida
É pra sempre até que prove o contrário.






Paula Fernandes.

Quero Sim!

Eu tô com saudades
Da nossa amizade
Do tempo em que a gente
Amava se ver
Eu não sou palavra
Eu não sou poema
Sou humana pequena
A se arrepender
Às vezes sou dia
Às vezes sou nada
Hoje lágrima caída
Choro pela madrugada
Às vezes sou fada
Às vezes faísca
Tô ligada na tomada
Numa noite mal dormida
Se o teu amor for frágil e não resistir
E essa mágoa então ficar eternamente aqui
Estou de volta a imensidão de um mar
Que é feito de silêncio
Se os teus olhos não refletem mais o nosso amor
E a saudade me seguir pra sempre aonde eu for
Fica claro que tentei lutar por esse sentimento
Diga sim ouça o som
Prove o sabor que tem o meu amor
Cola em mim a tua cor
Eu te quero sim, sem dor
Diga sim...


Composição : Paula Fernandes.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

As manhãs são boas para acordar dentro delas, beber café, espiar o tempo. Os objetos são bons de olhar para eles, sem muitos sustos, porque são o que são e tambem nos olham, com olhos que nada pensam.

Caio Fernando Abreu!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

''Claro é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez.."



"Fico tão cansada às vezes, e digo pra mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. E fumo, e fico horas sem pensar absolutamente nada: (...) Claro, é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez, mas não sei se você concorda, as coisas por natureza já são tão duras para mim que não me acho no direito de endurecê-las ainda mais."
 
Caio Fernando Abreu!

"(...) como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã."



"Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos e ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematonas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem."

- Caio Fernando Abreu

"São Longuinho! São Longuinho! Pra onde foi a coragem do meu coração?" Teatro Mágico

"Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem."

Caio Fernando Abreu!

“Queria consultar búzios, runas, pai, mãe de santo ou não, qualquer coisa que me APONTASSE O RUMO.”

"Hoje vi o sol nascer e se pôr. Depois vi a lua cheia, cheíssima, nascer também. Lindo. Até bati um papinho com não sei quem, pedindo luz pra mim, pro planeta, pras pessoas."

Caio Fernando Abreu!

“... Ah, essa mulher - precisava sair daqui. Deste planeta que, tão freqüentemente, parece não comportar a sensibilidade.” CFA



"Que procuras? Tudo.

Que desejas? Nada.

Viajo sozinha com o meu coração.

Não ando perdida, mas desencontrada.

Levo o meu rumo na minha mão."



Cecília Meireles.

“Como é mesmo que minha mãe dizia? Quem não é visto não é lembrado. Longe dos olhos, longe do coração. Pois é.”


Tive tanta taquicardia hoje. Estou por aí, agora. Penso nele, sim, penso nele. Mas não vou ceder. Certo, certo: ninguém tem obrigação de satisfazer ao teu desejo, pela simples razão de que você supõe que teu desejo seja absoluto. Foda-se seu desejo, ora. Me dói não ter podido mostrar minha face. Me dói ter passado tanto tempo atento a ele — quando ele nunca ficou atento a mim.”

Caio Fernando Abreu!

“Não sei onde eu to indo, mas sei que eu to no meu caminho.” Raul Seixas

"De que são feitos os dias?

De pequenos desejos,

vagarosas saudades,

silenciosas lembranças"



Cecília Meireles!
"Então eu te disse que o que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exata. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.”


Caio Fernando Abreu.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Relacionamentos.

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.

Detesto quando escuto aquela conversa:
- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos.... que pena... acabou...
- é... não deu certo...

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.

Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.

Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.

Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.

E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.

Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.

Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não.

Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto.

Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?

O legal é alguém que está com você, só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós.

Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.

E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.

Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear.
E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...

Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ????

Arnaldo Jabor!






O varal

Esperança é algo que já não tenho mais. Voou do varal numa noite qualquer. O mesmo varal onde pendurei minha fé. Voou também. Nem vi. Venta muito por aqui. Nada fica firme por muito tempo. As roupas não secam, somem. Voam sei lá pra onde. Já não sei o que vestir quando me convidam. Por isso nunca aceito. Fico em casa com satisfação. Vou até o quintal e aproveito o tempo para estender fotos, passados, sonhos. Tudo no mesmo varal. Só pra tirar o mofo, tomar um ar. Mas sempre voam. Voam sei lá pra onde. E eu vou perdendo as peças da minha história. Uma por uma. Tudo que eu amo desaparece. Do quintal da minha casa, nem dá pra ver o seu. Mas imagino que lá no fundo, num cantinho, também tenha um varal. O seu varal. Onde não venta. E devem estar pendurados: meu sorriso, minhas certezas, minha fé. Quem sabe um dia bate um vento e, de tão forte, te faça trazer tudo de volta o que sempre foi meu. E falta. No meu quintal. O tempo voa enquanto espero. Estendo a vida num varal. Esperança já não há. Voou sei lá pra onde. Nada fica firme por muito tempo. E venta muito por aqui.



Maíra Viana.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Arrumar a bagunça, arrumar a vida!


A gente finge que arruma o guarda-roupa, arruma o quarto, arruma a bagunça. Tira aquele tanto de coisa que não serve, porque ocupar espaço com coisas velhas não dá. As coisas novas querem entrar, tanta coisa bonita nas lojas por aí. Mas a gente nunca tira tudo. Sempre as esconde aqui, esconde ali, finge para si mesmo que ainda serve. A gente sabe. Que tá curto, pequeno, apertado. É que a gente queria tanto. Tanto. Acredito que arrumar a bagunça da vida é como arrumar a bagunça do quarto. Tirar tudo, rever roupas e sapatos, experimentar e ver o que ainda serve, jogar fora algumas coisas, outras separar para doação. Isso pode servir melhor para outra pessoa. Hora de deixar ir. Alguém precisa mais do que você. Se livrar. Deixar pra trás. Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.
 
Caio Fernando Abreu!

Pessoas e suas Reações!


Mas gosto, gosto das pessoas. Não sei me comunicar com elas, mas gosto de vê-las, de estar a seu lado, saber suas tristezas, suas esperas, suas vidas. Às vezes também me dá uma bruta raiva delas, de sua tristeza, sua mesquinhez. Depois penso que não tenho o direito de julgar ninguém, que cada um pode — e deve — ser o que é, ninguém tem nada com isso. Em seguida, minha outra parte sussurra em meus ouvidos que aí, justamente aí, está o grande mal das pessoas: o fato de serem como são e ninguém poder fazer nada. Só elas poderiam fazer alguma coisa por si próprias, mas não fazem porque não se vêem, não sabem como são. Ou, se sabem, fecham os olhos e continuam fingindo, a vida inteira fingindo que não sabem.”


Caio Fernando Abreu!
É esse gelo por dentro que eu não consigo entender. Você se doou tanto quando eu não pedia, e no momento em que pela primeira vez pedi, você negou, você fugiu. É esse seu bloqueio de aço encouraçando o silêncio, eu não consigo entender.”
Caio Fernando Abreu!

Espero que você pense em mim de vez em quando, só para eu não me sentir tão patético por pensar em você o tempo todo.



Tati Bernardi!

Tentei lhe dizer Muitas coisas, mas acabei descobrindo que amar é muito mais sentir do que dizer. E milhões de frases bonitas, jamais alcançariam o que eu sinto por você.
José de Alencar.

As pessoas são Impacientes.


Se o tal "amor" é impontual e imprevisível que se dane! Não adianta: as pessoas são impacientes! São e sempre vão ser! Tem gente que diz que não é... "Eu não sou ansioso, as coisas acontecem quando tem que acontecer." Mentira! Por dentro todo ser humano é igual: impaciente, sonhador, iludido... Jura de pé junto que não, mas vive sempre em busca da famosa cara metade! Pode dar o nome que quiser: amor, alma gêmea, par perfeito, a outra metade da laranja... No fim dá tudo no mesmo. Pode soar brega, cafona... Mas é a realidade. Inclusive o assunto "amor" é sempre cafonérrimo. Acredito que o status de cafona surgiu porque a grande maioria das pessoas nunca teve a oportunidade de viver um grande amor. Poucas pessoas experimentaram nesta vida a sensação de sonhar acordada, de dormir do lado do telefone, de ter os olhos brilhando, de desfilar com aquele sorriso de borboleta azul estampado no rosto..."


Luís Fernando Verissimo.

Coração!


Eu briguei com meu coração. Disse que jogasse o amor antigo fora. Ele deu nó. Coração não entende ordens. De um lado a razão exigindo. De outro o coração tentando. A verdade é que nem tudo sai como o planejado. Mas a gente tenta. Um amigo meu me disse que fica surpreso como eu racionalizo os sentimentos. Eu perguntei se falava de mim. Acho que sofro calada. Calada. Maquiada. E de salto alto. Mas manter a pose cansa. Cansa ser racional. Cansa enganar o coração. Cansa ser forte. A verdade é que hoje eu vi um livro que você me deu e chorei calada. Porque é feio chorar por amor perdido. Mas… quer saber? Estou com sinusite. E não estou nem aí para escrever bonito. Quero respirar de novo e amar alguém como um dia eu te amei. Alguém aí acredita em segundo amor?

Fernando Mello.

"Desapaixonar-se''.


"Desapaixonar-se dos medos. Dos nãos que secam a alegria de viver. Alimentar-se de memórias deliciosas e conversas entre você e suas saudades. Dessas que ninguém pode tirá-las de ti. Apaixonar-se por um sorriso. Por alguém. Por uma ideia louca que você pode ser na vida de alguém. Apaixonar-se por você. Descobrimos com o tempo que as palavras mais comuns são as mais deliciosas de serem ouvidas. Às vezes dificílimas de serem ditas. Descobrimos com o tempo que afinal pouco é muito."

Vanessa Leonardi!

Dizer adeus se torna tão complicado.


Hoje, temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas somos mais juntos. Sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna tão complicado. Digamos, então, que nada se perderá. Pelo menos, dentro da gente.”

João Guimarães Rosa!

Inesquecível!


Um amor não é feito só de sentimentos, e nem só de planos, e nem só de atos heróicos, e nem só de ações. Um amor, quando é bem grande, fica tão grande que precisa se tornar presente, precisa ser expressado e concretizado. Talvez porque todo amor, mesmo novinho, mesmo cheio de esperança de durar, sabe que é frágil e que pode acabar antes mesmo de conseguir renovar-se. E precisa deixar muitos sinais, muitas marcas para ser lembrado. Porque o sonho de todo amor, se não puder ser eterno, é ser assim: inesquecível.


Vinícius de Moraes.

''Estrelas!''


"(...) Todos olhamos o céu cheio de estrelas. De repente, lembrei também de uma aula que tive, quando olhei no microscópio. O professor pôs um pedaço de vidro, com uma manchinha, no microscópio. Olhando a manchinha, a gente não dava por ela. Mas, no microscópio, deu pra ver tantas coisas que eu nem poderia descrever. O microscópio aumentava a mancha tanto, tanto, que a gente descobria um mundo lá dentro! Olhando as estrelas de longe, eu pensei : "E se eu tivesse um microscópio para observar as estrelas? Quer dizer, um telescópio?" De longe, elas parecem todas iguais, mas, chegando perto, acho que eu descobriria as diferenças de cada uma. Quem sabe, uma é torta. Na outra, falta um pedaço. A outra é mais apagada. A outra tem um brilho especial. Estrelas, estrelas, estrelas! Pensei muito nelas. Talvez elas sejam como a gente. Quando olho pras pessoas que não conheço direito, parece que está bem, que tudo está certo. Que só eu, minha irmã e meus pais temos problemas tão difícieis. Que a vida dos outros é tranquila. Que todos são iguais, como as estrelas que a gente vê de longe. Mas, se a gente se aproxima, como quando olhei a mancha no microscópio, ah, nem se fala! É outra história. Cada mancha é diferente. Cada estrela é especial. Quando as estrelas entraram pela janela, foi nisto que pensei. 'Que a gente é como um pedaço da noite. De longe, estrelas perfeitas. De perto, estrelas tortas.'
 

(Walcyr Carrasco, em: Estrelas Tortas)

E não pense em nada que não te fará sorrir. Nada de mágoas daqui para frente.


"Fazem meses que não te vejo, 'que não falo com você'. Não sei se você está bem, se está estudando, se está gostando de outro alguém ou se às vezes ainda sonha comigo. Nada mais sei sobre você, além do que sobrou. Recentemente vi umas fotos suas, o corte de cabelo ainda era o mesmo, o físico, o estilo de roupas. Mas tinha algo diferente, eu sei que tinha, porém, como eu poderia explicar? Era algo no seu olhar castanho escuro, como se faltasse algo por dentro de você. Era o formato dos traços do seu sorriso, como se tivesse perdido um pedaço de você... Então lembrei, talvez o que faltava, era o pedaço de você que eu levei comigo, e não consegui te devolver."


Caio Fernando Abreu!
Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.


Machado de Assis!
''Não te irrites se te pagarem mal um benefício; antes cair das nuvens que de um terceiro andar.''


Machado de Assis.

sábado, 16 de abril de 2011

Meu maior medo!


Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir. Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar compaixão dos garçons. Meu maior medo é ajudar as pessoas porque não sei me ajudar. Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda. Meu maior medo é a necessidade de ligar a tv enquanto tomo banho. Meu maior medo é conversar com o rádio em engarrafamento. Meu maior medo é enfrentar um final de semana sozinho depois de ouvir os programas de meus colegas de trabalho. Meu maior medo é a segunda-feira e me calar para não parecer estranho e anti-social. Meu maior medo é escavar a noite para encontrar um par e voltar mais solteiro do que antes. Meu maior medo é não conseguir acabar uma cerveja sozinho. Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim. Meu maior medo é a expectativa de dar certo na família, que não me deixa ao menos dar errado. Meu maior medo é escutar uma música, entender a letra e faltar uma companhia para concordar comigo. Meu maior medo é que a metade do rosto que apanho com a mão seja convencida a partir com a metade do rosto que não alcanço. Meu maior medo é escrever para não pensar.


Fabrício Carpinejar.

Não importa! Conserva a vontade de viver!


Não importa se a estação do ano muda...
Se o século vira, se o milênio é outro.
Se a idade aumenta...
Conserva a vontade de viver,
Não se chega a parte alguma sem ela."
 
Fernando Pessoa.

Carta!


Vasculhando nas memórias algum assunto, encontrei a carta que eu rabisquei na capa de um livro: “pra você”, era o destinatário. Não sei por que não mandei, talvez não quisesse passar a limpo o passado. Em letras garrafais eu te dizia: “acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso”. E achei curioso eu usar essa metáfora sem nem ao certo saber o que queria te dizer com isto. E depois de repousadas aquelas palavras eu percebi quanta coisa eu escrevi pra você, querendo dizer pra mim. Porque eu jamais chegaria aonde cheguei se só andasse em linha reta. Tive que voltar atrás, andar em círculos, perder dias, perder o rumo, perder a paciência e me exaurir em tentativas aparentemente inúteis pra encontrar um quase endereço, uma provável ponte: a entrada do encontro.Você tão ocupado com seus mapas, tão equipado com sua bússola, demorou tanto, fez sinais de fumaça e não veio. Você simplesmente não veio. Mas me ensinou a intuir caminhos certos, a confiar nos passos, a desconfiar dos atalhos. Porque eu estava do outro lado e só. Sem amparo. Mas caminhava. E você estava absolutamente equipado com seu peso. E impedido de andar por seus medos.


Marla de Queiroz.

Maçã Ácida!


...Quanto tempo demora? - perguntou ele.
- Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs."
 
[Livro: O Caçador de Pipas]
Ontem tomei um táxi e me distraí tanto olhando pela janela que no meio do caminho estendi a mão para o banco vazio do lado querendo pegar tua mão. Tô com saudade".

Caio Fernando Abreu!

Amava!


“Eu te amava; mas já que Deus não me tinha concedido a graça de ser a tua companheira neste mundo, não devia ir roubar ao teu lado e no teu coração o lugar que outra mais feliz, porém menos dedicada, teria de ocupar.
Continuei a amar-te, mas impus-me a mim mesma o sacrifíco de nunca ser amada por ti.”
 
[José de Alencar, livro "Cinco minutos" ]
As Mulheres inteligentes dominam a arte de dizer '' não'' e usam a palavra ''sim'' com cautela.

As mulheres inteligentes sabem que os limites as mantêm em segurança; eles são sua maior defesa.

Steven Carter & Julia Sokol.

Livro : Os segredos das mulheres inteligentes.

(Pag: 68).

Pela Noite!


"Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços." "Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever um carta tão desesperada mas tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa."

Caio Fernando Abreu!
"Abraçou-o também, que vinha de muito longe, que mal se conheciam, um bicho arisco, abraçou-o com muita força, como se quisesse entrar dentro dele para poder compreendê-lo mais, e melhor."
Caio Fernando Abreu!
Mas não adianta: um dos meus males é ter medo de magoar as pessoas. Não precisar de ninguém… E há pouco me queixava de solidão. Eu não me entendo mesmo. (…)


Caio Fernando Abreu!

É preciso agora concretizar a idéia. Tira - lá dos limites do pensamento, arranca-lá apenas do papel e torna-lá um pedaço de mim.


De vez em quando é necessário a gente se perguntar se dentro de nós é um bom lugar para se viver. Tenho me perguntado isso… E a resposta é sim sou um bom lugar.


Caio Fernando Abreu!

Faxina!


Eu comecei minha faxina. Tudo o que não serve mais (sentimentos, momentos, pessoas) eu coloquei dentro de uma caixa. E joguei fora.

Caio Fernando Abreu!

Eu sei que todos os dias quando eu acordo Deus dá um sorriso e me diz: Estou te dando a chance de tentar de novo.


“Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis,becos-sem-saída.Nada é muito terrível. Só viver,não é? A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir. Porque não estou fluindo. “

Caio Fernando Abreu!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Eu não tenho medo do amor.Eu tenho medo é de amar quem tem medo dele.Amar quem teme o amor é como se apaixonar por uma sucessão de desistências.

Parece que jamais serás a mesma e que nada mais terá sentido como antes, mas assim como é líquida essa tristeza, essas águas são dinâmicas e fluidas.Então deixa que as coisas se renovem, e que as perdas tenham mais de um sentido, que os vazios te ofereçam mais espaço, pra que a vida te compense com o impossível.E permita que a alegria se aproxime, e que traga mais calor para os teus dias, quando tudo nos parece um desolo, é possível ainda assim, ser poesia.
Seja forte, siga em frente, respire fundo, e perceba a importância de se ter braços vazios, pra que se possa ter espaço em si para abraçar o mundo. 

Marla de Queiroz!

" A gente nunca precisou jurar eternidade. Ela nasceu inerente a nossa Amizade"



"Amor não resiste a tudo, não. Amor é jardim, Amor enche de erva daninha. Amizade também, todas as formas de amor. Hay que trabalhar y trabalhar, sabes? Pois acho que nossa relação de uns anos para cá encheu de tanta erva daninha que, quanto a mim, pelo menos, já não dou conta desse matagal."


Caio Fernando Abreu!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Quero colo, Quero beijo, cafuné, abraço apertado!


Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções. Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros, quero parar de me doar e começar a receber. Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências. Eu vou gostando, eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou… e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos. E vou dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar.
 
Caio Fernando Abreu!